Cartunistas falam da arte como resistência

“Quando a arte se torna uma arma de luta contra a opressão, a própria arte acaba se transformando em alvo dos que detêm o poder e pretendem perpetuar a situação de injustiça”, diz a cartunista Natália Forcat que, na tarde desta quarta-feira participou de uma mesa sobre “A arte de Resistência” no primeiro dia deativistades do Fórum Social Mundial Palestina Livre, em Porto Alegre.

Com ela, estiveram mais dois cartunistas Eugenio Neves e Carlos Latuff, a historiadora Luciana Garcia e o poeta, Claudio Daniel. O grupo iniciou o debate a partir de uma análise de Luciana, sobre como se criam esteriótipos que servem à perseguição, e como muitas vezes a arte é utilizada para reforçar esses esterióticos, como foi o caso da demonização dos judeus, por meio de cartazes e filmes nazistas. Atualmente, essa manipulação é feita contra os palestinos, apresentados como terroristas e impedindo que eles mostrem sua versão dos acontecimentos.

Eugênio Neves, cartunista gaúcho, explicou a natureza da charge política e a carência de formação política de muitos desses artistas, o que os leva a repetir o discurso dos opressores. Natália apresentou alguns cartuns que causaram polêmica à época de sua veiculação, como o de André Carrilho, em Portugal, em que um judeu pisado por um nazista repetia o gesto pisando um palestino.

Ela também mostrou outros artistas comprometidos com a causa palestina, como Naji Al-Ali, assassinado em Londres por autor desconhecido, e o brasileiro Carlos Latuff, presente à atividade. Ele fez um depoimento pessoal, sobre sua arte militante que é reproduzida sem cobrança de direitos autorais (copy left) por movimentos e publicações alternativas.

Claudio Daniel falou sobre a poesia palestina de resistência e apresentou uma coletânea de poetas brasileiros que homenageiam a luta dos palestinos.

Apesar de começar com alguns minutos de atraso, em meio à agitração natural de Fórum em primeiro dia de atividades, o debate prendeu a atenção do público que fez diversas intervenções, inclusive muitos testemunhos pessoais que enriqueceram o encontro. Entre os exemplos, uma participante evangélica que disse ter percebido o quanto a mensagem sionista é passada nos cultos que frequenta. Outro depoimento que comoveu a platéia veio de uma judia argentina, que morou por 14 anos em um kibutz e posteriormente se deu conta de como o sionismo é nocivo, inclusive para os próprios judeus;

A atrividade aconteceu na Casa da Palestina no Gasometro e se estendeu por mais de uma hora além das duas previstas.

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