A defesa do padrão DRM por um rádio digital brasileiro e mundial

Foto: III FML debate apropriação tecnológica, por Stella Oliveira/Ciranda

Thiago Novaes, da Rádio Muda, defendeu no III FML o desenvolvimento de um sistema brasileiro que tenha por base o DRM, por ser “o único sistema reconhecido pela UIT que funciona em todas as faixas de frequência, isentando-nos de pagar royalties, rodando em software livre e possibilitando a interoperabilidade com a tv digital, dado o codec de áudio AAC”.

Para Thiago, o DRM é o melhor sistema de rádio digital disponível: “Já o testamos e está documentado no portal radiolivre.org”.
Ele alerta para a falta de pressão das rádios e entidades da comunicação por uma escolha que dê conta dos interesses do Brasil por “um rádio digital que atenda às baixas-potências e impulsione um desenvolvimento tecnológico mundial, como ocorre com o motor colaborativo que move a produção do software livre”.

Para Novaes, o movimento das radios comunitárias ainda trabalha com a pauta do século XIX e está “patinando na agenda do governo”. Enquanto isso, “lobbies são feitos e fragmentamos nossa demanda sob argumentos descabidos como número de rádios: se isso fosse importante realmente para Amarc, Abraço, etc. as comunitárias não estariam reduzidas a uma frequência disponível no dial…”

Por um Rádio Digital Brasileiro e Mundial

Diante do cenário da iminência da escolha do padrão tecnológico do Sistema Brasileiro de Rádio Digital [SBRD] apresentamos alguns pontos a favor da escolha pelo desenvolvimento de uma solução tecnológica nacional baseada no padrão do Digital Radio Mondiale, conhecido também pela sigla DRM.

Antes de mais nada, é preciso destacar que não se trata de uma escolha a favor de um padrão europeu em detrimento do padrão americano. Trata-se da opção de implementar um padrão brasileiro a partir do DRM que é uma norma técnica internacional e aberta, a única reconhecida pela ITU (órgão vinculado à ONU). Um sistema brasileiro que seria ao
mesmo tempo mundial pois aberto e compatível com o DRM.

O padrão DRM é o único padrão que atende a TODOS os pré-requisitos estabelecidos pela portaria 290/2010 do Ministério das Comunicações que diz respeito
principalmente à capacidade de operar em Ondas Curtas e à otimização
da transmissão. Outro ponto é no que concerne à transferência de tecnologia e à possibilidade de isenção de pagamento de royalties. Por ser uma norma da ITU, uma implementação brasileira nos isentaria do pagamento de royalties, enquanto o HD Radio, o padrão americano, possui até segredos industriais.

Essa opção colocaria o Brasil em um papel de destaque no cenário internacional, possibilitando que o país se torne uma plataforma de articulação de uma nova tecnologia
digital de transmissão de dados.

Os testes bem sucedidos em países com mercados emergentes como Coreia do Sul, Índia, Rússia e Brasil, e a interoperabilidade entre o DRM e o padrão ISDB-Tb da TV Digital Brasileira (CODEC de áudio AAC do MPEG-4), apontam para um interessante mercado de tecnologia, serviços e conteúdos a ser construído — e aqui seria importante o apoio da FINEP para pesquisa de inovação.

Para finalizar, é preciso destacar que o conceito que está em jogo não é apenas a atualização tecnológica do rádio, mas uma nova tecnologia de recepção de dados digitais para terminais de telefonia móvel (os celulares), links de longa distância e monitoramentos.

E, portanto, a questão não pode ficar reduzida somente ao que é melhor
para as grandes empresas de comunicação que, inclusive, também serão beneficiadas pelas vantagens técnicas do DRM. É hora de pensar que esta decisão refletirá nos nossos próximos 50 anos, e que não podemos desperdiçar a oportunidade de escolher o caminho de pensar com nossas cabeças e escolher um caminho próprio, um caminho compatível com o papel que o Brasil está sendo chamado a desempenhar no cenário internacional.

REDE DRM-BRASIL

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