A militante da Izquiera Anticapitalista espanhola, Esther Vivas, chamou a atenção na tarde desta quarta-feira para a implementação de políticas de ajuste na Europa mesmo com as mobilizações populares que têm eclodido pelo continente. Em um debate no Fórum Social Temático sobre a crise mundial e as alternativas anticapitalistas, ela criticou a incapacidade do capitalismo em satisfazer as necessidades da maior parte da população mundial.
Vivas dividiu a mesa com o pesquisador e militante do PSOL Jorge Almeida, que afirmou que a atual crise econômica é parte de um processo que começou no final da década de 60. “O Estado de Bem-Estar Social que vigorou depois da crise de 29 foi a maior concessão do capitalismo, que levou a um aumento da produção em função de um aumento do consumo”, explicou. “Mas no início dos anos 70 há uma reversão desse processo, com ataques aos benefícios sociais.”
Segundo Almeida, para ganhar competitividade os empresários foram obrigados a aumentar os gastos com tecnologia e diminuir os custos com mão-de-obra. Mas isso seria um revés, segundo ele, porque houve uma diminuição do consumo acompanhada de uma diminuição da taxa de lucro.
“Então veio a crise do Petróleo, do México, do Brasil, do Japão e uma série de outras. Em 2009, temos o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, que não é um fato isolado”, analisou. A partir daí, a crise teria se espalhado pelos países europeus. “A diferença é que dessa vez não houve concessões aos trabalhadores como nos anos 30, eles atacaram os direitos sociais de primeira.”
Para Vivas, o importante é desmontar o discurso atual de que há que pagar as dívidas para saldar o déficit público. “Não temos que pagar uma dívida que não é nossa”, disse. Ela apontou que uma das alternativas possíveis, por exemplo, seria uma reforma tributária progressiva.
“As pessoas estão começando a se mobilizar. Depois da primavera árabe, vimos que é possível abandonar a resignação e ocupar as ruas”, ressaltou ela, que afirmou que uma alternativa anticapitalista deve ser necessariamente feminista e ecológica. “Na Espanha, 80% dos postos trabalhos precários são ocupados por mulheres. Ao mesmo tempo, temos que acabar também com a mentira do ecocapitalismo.”
Para Almeida, falta uma vanguarda realmente forte para acompanhar a vontade popular de mudança, mas ele é otimista. “Vamos entender as previsões maias para 2012 não como o fim do mundo, mas o prenúncio de uma nova era”, emendou. “É socialismo ou barbárie.”