Barcelona, 19 de junho de 2011
Depois de completar mais de 30 dias da primeira manifestação dos chamados “indignados” espanhóis, as ruas de Barcelona são tomadas por uma multidão de 250.000 pessoas, segundo seus organizadores.
Mais de 60 importantes cidades espanholas também fazem sua manifestação para pedir mais investimento em saúde e educação e menos ajuda aos banqueiros, verdadeiros culpados pela crise por que passa a Europa e grande parte do resto do mundo. Além das cidades espanholas, vemos manifestações em Berlim, Paris, Atenas e outras cidades européias.
O mote é o mesmo: o povo não vai pagar por uma crise criada pelos banqueiros.
Os políticos, porém, parecem não ouvir os gritos das ruas. Até o momento, o governo Zapatero, que se diz socialista, segue com a idéia de implantar as idéias neoliberais exigidas pela União Européia: corte de gastos públicos, privatizações e “flexibilização” das leis trabalhistas.
Os primeiros arroubos políticos de quando surgiu a crise financeira de 2008, que fazia Sarkozy dizer com veemência que seria necessário acabar com os paraísos fiscais e pedir responsabilidades aos banqueiros foram sumariamente esquecidos.
Hoje, 19 de junho, os ministros da fazenda de toda União Européia, se encontram em Luxemburgo para formalizar um segundo resgate financeiro à Grécia. Nada mudou. O PIIGS (Portugal, Ireland, Italia, Grecia e Spain) como são chamados os países economicamente problemáticos da Europa continuam com problemas.
Portugal acaba de eleger um governo de direita para resolver um problema criado pela direita. Irlanda, já recebeu o castigo com cortes de investimentos sociais, Itália é uma incógnita onde nenhum analista ousa destampar a caixa de Pandora, Grécia que já privatizou, cortou gastos sociais e e salários, é mais uma prova cabal que o neoliberalismo não é a solução para a crise.
Por último a Espanha com mais de 20 por cento da população vivendo no desemprego. Sendo que na faixa dos jovens de 20 a 29 anos esta taxa cresce para mais de 40 por cento de desempregados. A solução para a Espanha? Os políticos dizem que é seguir a cartilha do FMI: privatizar, privatizar, privatizar. Flexibilizar, flexibilizar, flexibilizar as leis trabalhistas, além, é óbvio, de aumentar a idade para a aposentadoria e cortar gastos com saúde e educação.
Para se ter uma idéia, a universidade pública na Espanha cobra cerca de mil euros por uma matricula. Esse valor triplica em uma universidade privada. Não é à toa que pela primeira vez na história da Espanha, os jovens estão se tornando uma geração com menos estudo e menos dinheiro que os pais. Essa situação fez surgir um tipo de jovem na sociedade espanhola: os “nini” (ni trabalham, ni estudam).
Em Barcelona, “os indignados” parecem dispostos a continuar os protestos, desde que o novo governo de Artur Más fala em cortes sociais, e diz textualmente que “o orçamento da área de saúde é insustentável”, como se algum lugar do mundo a saúde pública fosse algo lucrativo.