Internet para curar

O combate ao câncer infanto-juvenil agora conta com um poderoso aliado, capaz de ultrapassar fronteiras e integrar especialistas de todo o país: a internet. É o que mostra a experiência do Portal Oncopediatria. No ar desde de 2004, o portal funciona como um banco de dados sobre a doença no Brasil e oferece ferramentas para a comunicação remota entre médicos e outros profissionais da área de saúde.

O projeto foi desenvolvido pelo Núcleo de Saúde Digital do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (LSI / Poli / USP) em colaboração com a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope). A iniciativa recebeu financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Adilson Hira, coordenador técnico do projeto, explica que a ideia do portal é agilizar a divulgação de informações que auxiliem especialistas e o público leigo. O portal tem três canais com acesso distinto: um para oncologistas pediátricos; outro para pediatras e demais profissionais de saúde (enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e outros); e um terceiro para pais e pacientes.

Um sistema integrado no portal permite aos médicos registrar pacientes em escala nacional. “Com isso, é possível estabelecer o mapeamento da doença no Brasil em tempo real e contribuir para o levantamento de dados estatísticos e epidemiológicos que poderão ser utilizados pela gestão pública de saúde”, completa Hira. Atualmente, o portal tem mais de cinco mil pacientes com câncer infantil registrados e cerca de 300 médicos credenciados como usuários. Além disso, os médicos têm acesso pelo portal aos resumos de protocolos de tratamento desenvolvidos por grupos de pesquisa da Sobope. Os protocolos são fundamentais no tratamento do câncer porque definem os procedimentos que devem ser utilizados em cada caso, o que aumenta as chances de cura dos pacientes, segundo o coordenador executivo do Oncopediatria, Marcelo Zuffo. “A padronização do tratamento e a divulgação de informações podem ajudar a salvar muitas vidas em regiões onde falta medicina especializada, pois fornecem parâmetros de avaliação e procedimentos”, observa Zuffo. Isso favorece o atendimento de pacientes em suas cidades de origem, evitando o deslocamento para os centros urbanos.

O ambiente virtual permite aos médicos trocar experiências a distância, discutir casos e protocolos, e manipular exames por meio de videoconferência e fórum de discussão. O portal também tem uma agenda com eventos de oncologia pediátrica, mais de 50 teses e dissertações e centenas de publicações científicas. “Nossa intenção é formar um banco de dados brasileiro de qualidade”, explica Hira. O credenciamento dos médicos usuários e todo o conteúdo do portal passa por uma equipe editorial de médicos e tem o aval da Sobope.

O portal oferece um mapa com aproximadamente 50 hospitais de tratamento oncológico pediátrico e 12 casas de apoio em todo o Brasil. Entre os conteúdos oferecidos nesse canal estão dicas para o enfrentamento da doença, direitos dos pacientes, espaço para partilhar histórias pessoais e um livro para crianças, A batalha do bem contra o mal. A publicação, produzida pela Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC), está disponível para download.

Para saber mais:

www.oncopediatria.org.br

http://bit.ly/a7LQ94

Publicado originalmente na revista ARede, edição nº 60, de junho www.arede.inf.br

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