População de Oaxaca vai às urnas, apesar do medo. E manda Ulises Ruiz embora

Em entrevista coletiva concedida durante a tarde, mesmo antes de saber o resultado eleitoral que deu a vitória a Gabino Cue, representantes de diversos partidos que, este ano, decidiram unificar forças para promover a alternância de poder no Estado de Oaxaca – governado pelo Partido Revolucionário Institucional há 80 anos, manifestaram supresa e satisfacão diante das grande afluência da população às urnas, a não ocorrência de incidentes graves até o início da tarde deste domingo.

Em uma conquista de última hora, a coalizão da oposição de Oaxaca, chamada Paz e Progresso, conseguiu que o Instituto Eleitoral proibisse eleitores de levar aparelhos celulares para dentro das cabines, inibindo uma das mais absurdas formas de coersão de funcionários por parte de seus superiores hierárquicos no serviço público estadual e outras esferas da vida política: a exigência de fotos do voto, na saída das cabines, sob ameaça de perda de empregos, privilégios e direitos.

Outra surpresa para as organizações das campanhas foi o efeito reverso que tiveram os anúncios feitos em jornais para que a população se acautelasse com as candidaturas “terroristas” representadas pela oposição, particularmente no caso de lideranças que estiveram envolvidas com a insurreição popular de 2006, na tentativa de afastar Ulises Ruiz do poder. Ao contrário do que pediam os cartazes e jornais panfletários, a população saiu às ruas para votar com tranquilidade. Além disso, a coalizão decidiu processar a publicação “Despertar de Oaxaca”, por difundir o terror entre eleitores e difamar lideranças da oposição.

Presente a coletiva, a jornalista brasileira Lucia Rodrigues, da Revista Caros Amigos e participante da Missão Internacional de Comunicação e Observação, indagou aos coordenadores sobre a disseminação da notícia de que 38 pessoas detidas em um hotel do centro da cidade pela manhã – acusadas de portar facas e maconha – seriam do PRD. O mais provável, segundo os entrevistados, é que essas pessoas, que a coalizão nao conhece, e que teriam vindo da capital do país, sejam inocentes.

Foto: La Jornada

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