Ceila Rodrigues, de Goiânia/ GO, Da Agência Jovem de notícias.
O Fórum de Mídia Livre aconteceu nos dias 26 e 27 de janeiro, antecedendo a abertura do Fórum Social Mundial, na cidade de Belém/PA.
Mesmo com todas as dificuldades para fazer acontecer a atividade, o Fórum contou com a participação de aproximadamente 250 pessoas. Cada uma e cada um que ia chegando era convidada/o a um mutirão para buscar cadeiras que estavam em outro local.
Com a participação de veículos independentes de diversos países, o encontro visa construir alternativas de produção de informação, ajudar a estruturar politicamente a mídia livre internacional, discutir alternativas de financiamento e de compartilhamento de conteúdo, propagar possibilidades de atuação via novas tecnologias e somar forças de atuação nas diversas frentes de democratização da mídia.
O Fórum parte da certeza de que debater alternativas para construir uma nova comunicação planetária é crucial para que possamos sonhar com um outro mundo possível.
Este é um espaço de grande reconhecimento do papel da mídia livre. Várias organizações, instituições, pessoas físicas, construindo um espaço de resistência às mídias hegemônicas deste país e do mundo.
Em uma das mesas durante o Fórum de Mídia Livre, com o tema “Como ampliar o espaço da mídia livre?”, muitas questões foram levantadas, ampliando ainda mais nossa percepção do que pode ser melhorado neste sentido.
Jonas Valente, do Coletivo Intervozes, diz que, precisamos entender a comunicação como direito humano. Homens e mulheres têm capacidade e direito de se expressarem. “A comunicação como direito, traz elementos fundamentais: uma voz democrática às mídias, ampliação das vozes (midialivristas); conter o avanço da hegemonia dos meios comerciais, porque só assim teremos uma comunicação democrática no Brasil. Precisamos dar um sopro de ampliação das vozes, que não suportam mais a manipulação da mídia hegemônica no Brasil.”
José Soter, da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO), acredita que é preciso uma horizontalização dos meios de comunicação.
“Para incluir, temos que ser plurais na participação direta e indireta dos cidadãos.”
Ivana Bentes, Diretora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que a mídia foi sempre entendida como um fazer jornalístico. Mas, temos de entender que há outras formas de produção de linguagens. Não dá mais para formar jornalistas com o antigo método do “quem? quando? fazendo o quê?”.
Diz ainda que “nós, midialivristas, não queremos diploma de jornalistas, isso seria reduzir o campo da mídia livre”. Precisamos demandar políticas públicas para comunicação, e não deixar tudo nas mãos do Estado.
Renato, editor da Revista Fórum, desde 2001, diz que somos bloggueiros, fotógrafos, ativistas pela midialização dos meios de comunicação. Aqueles os quais incomodamos muitos, dizem que nossas rádios comunitárias derrubam aviões, isso é o que eles dizem. Temos que deixar de dar trelas a essas “profissionais” e pensar em nossos modelos de financiamentos. Já estamos pensando no edital de abertura para os “Pontos de mídia livre”, a partir de 29/01, onde pessoas físicas e organizações poderão participar.
Já Sérgio Amadeu, professor, o mundo das redes digitais ultrapassaram as redes nacionais, temos hoje rede transnacionais. Uma mídia que se baseia na interação, que passa informações e conteúdos, criando novas possibilidades. No velho paradigma da mídia, o difícil era falar, hoje o difícil é ser ouvido.
Para Maria Pia, da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC), a comunicação é um direito humano, é preciso fazermos alianças com os grandes personagens da comunicação: o espaço público, privado e o terceiro setor.
Oona Castro, da Overmundo, aponta alguns princípios, desafios e oportunidades no cenário da comunicação. Há uma apropriação das pessoas que não existiam antes no mundo da comunicação e que agora são atores. Diminui o controle de quem produz a comunicação.
**Todas as atividades estão sendo traduzidas simultaneamente para os participantes de outros países.
Legenda da foto, da direita para esquerda: Oona Castro (Overmundo), Maria Pia (AMARC), Sério Amadeu (professor), Renato Volvai (Revista Fórum), Ivana Bentes (UFRJ), José Soter(ABRAÇO) e Jonas Valente (Intervozes).