Sim! Sambamos, enquanto lutamos!

foto: Gal Souza

Sim! Sambamos, enquanto lutamos!

Ao ver aquela multidão alegre, animada, feliz e confiante, ninguém diria se tratar de uma comunidade de destino historicamente oprimida e excluída. Tampouco que ali se clamava por justiça e dignidade. Assim foi a atmosfera da 5ª Marcha da Consciência Negra realizada em São Paulo , no dia 20 de novembro. Reafirmando, com certeza, que nem toda luta tem de ser sisuda. O negro brasileiro sabe disso, como sabe de samba, de jinga, de jongo e de trabalho duro. “Dignidade! Eu espero sambando”, diria o jornalista, militante negro, Hamilton Cardoso, vivo na memória de todos os companheiros negros .

Ao som de atabaques, tambores e berimbaus, milhares de pessoas negras, brancas, mestiças, adultos, jovens e crianças, formavam um cordão multicolorido, saindo do MASP, seguindo pela avenida Paulista, descendo a rua Consolação até o Teatro Municipal, ocupando escadarias e seus entornos, local onde há 30 anos nascia oficialmente o Movimento Negro Unificado, dando continuidade ás lutas dos seus antepassados. Com bandeiras, faixas, pirulitos e inúmeras formas de manifestação, entidades negras, carnavalescas, sindicais, culturais e religiosas, juntavam-se à Marcha, agregando palavras de ordem e alertas.

– “Quebre as correntes e você será livre,

corte as raízes e você morre”

– “Viva Zumbi dos Palmares”

-Brasil, árvore regada com o sangue negro”

– “Negritude, no DNA Brasil”

– “O pré-sal é negro, será rejeitado?”

Inúmeros cartazes homenageavam líderes negros: Carolina Maria de Jesus, Rosa Parks, Geraldo Filme, Cartola, Martin Luther King, Solano Trindade, Grande Otelo e muitos outros. Mesmo de forma tímida, Barack Obama também foi lembrado:

– “Obama, presidente, quem diria?!”

– “Obama, presidente! ‘E agora José?!`”

– “Há 40 anos, assassinaram Martin Luther King,

Obama resgatará seus sonhos?”

Assim realizou-se a 5ª Marcha da Consciência Negra, entre denúncias e anúncios, porém tranquilamente. Os orixás, entidades e santos protetores da natureza se uniram na tarefa de proteger a festa. Conseguiram!

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