O fim do sonho sionista

Em 1895, Theodor Herzl, fundador do sionismo político, confidenciou em seu diário pessoal que era absolutamente contra a partilha de terras com o povo palestino, os nativos da região. “Para tentar expulsar a paupérrima população [palestina] para o outro lado da fronteira, negando-lhes qualquer forma de emprego em nosso país, tanto o processo de expropriação como o de eliminação dos pobres [palestinos] devem ser cumpridos de maneira discreta e controlada”, escreveu Herzl. Mas o sonho da causa sionista parece estar se aproximando do fim, com a ameaça da “derrota demográfica” resultante do crescimento da população palestina nos Territórios Ocupados.

Theodor Herzl propôs um programa de emigração forçada do povo palestino, executado por uma política de estrita separação entre os imigrantes judeus e a população nativa palestina. A idéia era que, após colonos sionistas comprarem vastas áreas de terra, automaticamente tomariam posse dos principais setores da economia local. Dessa forma, ao proibir que os palestinos tivessem empregos e direitos de posse de terra nesse sistema de economia judaica, eles seriam forçados a abandonar a Palestina. Sua visão se resumia à transferência forçada da população nativa, prática conhecida como “limpeza étnica”. Essa política sionista sugeria que a transferência do povo se seguiria naturalmente após a separação. Mais do que isso, Herzl acreditava que com o sucesso dessa estratégia, o processo de limpeza étnica pareceria voluntário, como se fosse uma escolha das vítimas, evitando assim qualquer forma de condenação internacional pela prática colonialista.

Nos últimos anos, com a população palestina se aproximando da paridade com a população judaica nos Territórios Ocupados, a ameaça de uma maioria palestina oprimida retornou para assombrar o sonho sionista. Não é surpreendente, portanto, que debates sobre como fazer uma “limpeza étnica voluntária” em Israel para expulsar os nativos palestinos tenham ressurgido entre as organizações sionistas por todo o mundo. No novo consenso, a transferência dos palestinos poderia ser alcançada através da combinação de exorbitantes impostos com a absoluta separação dos povos – exatamente conforme o modelo proposto por Theodor Herzl há mais de um século.

O Muro do Apartheid construído por Israel ao redor – e além – dos Territórios Ocupados e o criminoso cerco a Gaza resumem o modelo atual da teoria sionista de Herzl. De tempos em tempos, e mais recentemente tem se tornado a norma, Israel impede a entrada de ajuda internacional, alimentos, combustível e serviços humanitários a Gaza, em uma representação perfeita de um cerco medieval. A normalidade não existe mais – são bombardeios aleatórios diários e violentas incursões militares focadas contra os civis palestinos a fim de pressioná-los. A “prisão de Gaza” deixou de ser uma metáfora e tornou-se uma realidade cotidiana. Na realidade, as condições impostas ao povo nativo são muito piores do que a média das prisões espalhadas pelo mundo. Presos, mesmo combatentes inimigos em casos de guerra, esperam ter seus direitos humanos respeitados e protegidos, com estruturas de acolhimento, alimentação e roupas. Os palestinos de Gaza não contam nem com esse direito básico, conforme determina a Lei Internacional.

Dessa forma, fica claro o objetivo por trás desse meio extremo de separação: a transferência forçada dos palestinos. Ao privá-los das condições básicas de vida dos seres humanos, presume-se que os palestinos acabarão por abandonar suas terras, o que poderá ser então vendido para o Ocidente como mais uma fase desse “êxodo voluntário”. Caso os palestinos deixem suas terras, na mentalidade sionista, eles automaticamente perdem também o direito a elas – perfeitamente de acordo com o que as gerações anteriores de sionistas acreditavam que tinham feito os refugiados palestinos durante as guerras de 1948 e 1967. Mas será esse processo viável mais uma vez?

A ideologia sionista foge completamente não apenas da Lei Internacional, mas também dos valores defendidos pela maioria das sociedades e ideologias existentes. Ao mesmo tempo, a natureza das ambições sionistas torna-se cada vez mais difícil de esconder, como fica evidente nas diversas pesquisas internacionais que apontam que os povos – e não seus governos – acreditam que Israel é uma das maiores ameaças à paz mundial. O interessante é que o sonho sionista assume que os palestinos permanecerão passivos durante a sua lenta erradicação. A história e o presente são testemunhas de que isso não acontecerá. O breve futuro pode trazer o fim do sonho sionista, que por mais de um século aterroriza o povo nativo da Palestina.

FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº110 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_110.pdf

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One thought on “O fim do sonho sionista

  1. O fim do sonho sionista
    pelo que compreende, meu amigo com essas palavras chamando os palestinos de nativos, pelo que eu saiba os judeus sao os legitimos donos da terra e foram expulsos nos tempos das cruzadas, e a Biblia nos relata a promessa sobre a terra a abraão, que sabemos que os palestinos descendentes de ismael sempre ouve descordia coms descendentes de isaque, sao tudo familia, agora sobre violencia que acontece tanto da parte de israel e palestinos e incabivel ao senso humano, ca pra nos sabemos que essa briga nao tera fim tao cedo, a solução pra tudo so tem um nome que e JESUS que todos eles Rejeitaram e rejeitam entao paguem o preço por nao querer Deus na vida deles, nao um deus que causa essa vida que eles tem. esse e minha opinião obrigado.

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