Os Estados Unidos de Israel
“Nenhum presidente estadunidense pode se voltar contra Israel”. Essas palavras vieram do almirante Thomas Moorer, que nos anos 1970 foi Chefe de Operações Navais e Chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos. Moorrer certamente sabia sobre o que estava falando.
Em 8 de junho de 1967, Moorer presenciou o ataque israelense ao navio de espionagem eletrônica estadunidense USS Liberty, que deixou 34 soldados estadunidenses mortos e 173 feridos (leia mais em Oriente Médio Vivo, Edição 69). Segundo alguns sobreviventes que se pronunciaram sobre o caso, as forças israelenses até atacaram os botes salva-vidas quando as tropas estadunidenses abandonaram o navio atacado. Aparentemente, o USS Liberty havia capturado informações via rádio que revelavam a responsabilidade de Israel pela Guerra dos Seis Dias. Os Estados Unidos sabiam de toda a verdade, mas o então presidente Lyndon Johnson decidiu mesmo assim apoiar Israel, se voltando contra os militares estadunidenses e ordenando que encerrassem o caso. Como conseqüência, até hoje, no mundo ocidental, a culpa pelo conflito é colocada sobre os árabes.
Muitos não têm conhecimento sobre o poder do lobby sionista na política estadunidense e, conseqüentemente, não compreendem a lógica de muitas ações “sem explicação” conduzidas pelos Estados Unidos. Ao invés disso, consideram apenas a tendência imperialista dos mesmos como justificativa por tais ações, relacionando-os a um novo Império Romano, como se suas ordens fossem atendidas sem questionamento. Pior do que isso, somente o posicionamento do próprio povo estadunidense, que de forma ignorante escolheu esse caminho, acreditando que tal imperialismo serviria aos interesses da nação. Como conseqüência, milhares de inocentes são mortos, a maioria mulheres e crianças, que do outro lado do mundo não têm absolutamente nenhuma culpa pela ignorância estadunidense.
Entretanto, como é possível que apenas 6 milhões de pessoas, que constituem a população judaica dos Estados Unidos, possam ter alcançado uma influência tão descomunal dentro do “único superpoder”? A resposta é encontrada em alguns fatores: primeiro, a comunidade judaica constitui o segmento grupal mais bem-sucedido dos Estados Unidos, com dezenas de prêmios Nobel, e apresenta o mais alto nível de ingressos financeiros (pagamento de impostos) da sociedade estadunidense. Não existe uma só área de atividade em que seus membros não se sobressaiam ou ocupem posições de liderança; segundo, compõe uma comunidade extremamente próspera, que conta com aproximadamente 80 comitês de ação política, ou seja, organizações encarregadas de financiar campanhas eleitorais; terceiro, trata-se de uma comunidade coesa, e que atua harmonicamente em bloco em função de um único objetivo: os interesses de Israel.
De acordo com o diário estadunidense Star-Tribune, o maior do estado de Minnesota, membros do Partido Democrata do Congresso passaram “uma semana em Israel, em uma viagem privada bancada pela Federação de Educação Estados Unidos-Israel”. Segundo o artigo, outros 40 membros do Congresso fizeram a mesma visita em agosto e, “até o final do ano, todos os membros do Congresso terão feito suas visitas a Israel”. Isso certamente explica parte da cumplicidade dos democratas quanto à política dos republicanos, que eles tanto “rejeitam”. O lobby sionista faz parte dos Estados Unidos, seja o governo republicano ou democrata.
Uma possível solução para o problema, e talvez a única que possa ser considerada hoje, é que líderes políticos estadunidenses e israelenses se pronunciem contra o lobby sionista, já que a atual política estadunidense não serve aos próprios interesses de Israel. Claramente, não existe vantagem para o “lar nacional judaico” em estar abandonado no Oriente Médio, cercado de inimigos e, para os Estados Unidos, construir tamanha inimizade com o mundo muçulmano vai diretamente contra os planos declarados da suposta “guerra contra o terrorismo”, que o mundo todo parece fazer parte hoje. Até o momento, porém, qualquer posicionamento contra o lobby sionista foi simplesmente classificado como “anti-semita” ou “anti-estadunidense” – uma acusação grave, porém fácil de ser aplicada nesse contexto.
FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº73 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_73.pdf
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