Tropa de choque despeja acampamento com violência em Limeira

Foto: MST, Alagoas

Na manhã de hoje (29/11), a tropa de choque da polícia
militar de Limeira, município próximo a Campinas,
despejou com violência as 250 famílias Sem Terra que
viviam no acampamento Elizabeth Teixeira, dentro do
Horto Florestal Tatu.

Por volta das 10h30, os soldados entraram no
acampamento atirando balas de borracha nos Sem Terra
que estavam no local. Entre os feridos está o membro
da direção nacional do MST, Gilmar Mauro. Cinco
pessoas foram encaminhadas ao hospital, três feridos e
dois trabalhadores que passaram mal durante a ação
(uma delas sofreu um enfarte). Os Sem Terra foram
impedidos de sair da área e de retirar quem estava
machucado. As crianças do acampamento se refugiaram
num barracão, que foi atingido por bombas de gás, na
presença de membros do conselho tutelar.

Neste momento, a polícia continua no acampamento,
destruindo o que resta dos barracos e aguardando a
saída das famílias. O comandante da ação deu um prazo
para que os Sem Terra deixem o local. Os trabalhadores
aguardam agora que o Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) encontre um local para
as famílias despejadas. O MST responsabiliza a
prefeitura de Limeira, o governo do estado de São
Paulo e o governo federal pelo episódio. Menos de dois
meses após o assassinato do dirigente do MST Vamir
Mota Oliveira, o Keno, no Paraná, mais uma ação
violenta põe em risco a vida de trabalhadores e
trabalhadoras Sem Terra.

O Acampamento Elizabeth Teixeira foi montado em 21 de
abril deste ano. O Horto Florestal Tatu, que já
pertenceu à antiga Rede Ferroviária Federal, é
atualmente da União.

A reintegração de posse concedida à prefeitura de
Limeira pelo juiz Flávio Dassi Viana é irregular, pois
o Horto Florestal Tatu pertence à União. A prefeitura
de Limeira, que nunca teve a posse da área, utiliza
alguns espaços do Horto Florestal para desenvolver
atividades que degradam o meio ambiente. Dentro da
área há um “lixão”, instalado em condições
inadequadas, que compromete o já poluído Ribeirão
Tatu, que passa por dentro da cidade de Limeira e
deságua no Rio Piracicaba.

O acampamento Elizabeth Teixeira fica no km 136-A da
rodovia Anhanguera.

Mobilização contra a violência no Alagoas

Cerca de 4.000 trabalhadores Sem Terra estão mobilizados no estado de Alagoas. Hoje, dia 29, completam 2 anos do assassinato do dirigente do MST no estado, Jaelson Melquíades. A data foi definida pelos trabalhadores como um dia estadual de lutas. Além de reivindicar a Reforma Agrária, os trabalhadores querem o fim da violência no campo e punição aos assassinos de Sem Terra.

Em todo o estado, os trabalhadores fazem passeatas, atos, ocupações e vigílias, para denunciar os crimes de mando cometidos no estado de Alagoas e no Brasil. Além de Melquíades, os atos pretendem homenagear outros trabalhadores assassinados na luta pela terra, como Luciana Alves, morto em Craíbas há 4 anos e Chico do Sindicato, assassinado em Atalaia há 12 anos. Até hoje, os mandantes e executores não foram presos, julgados ou punidos.

Também serão lembrados os companheiros, Valmir da Mota Oliveira, Keno, executado em 21 de outubro último, por seguranças contratados pela Syngenta Seeds, no Paraná, e Cirilo de Oliveira Neto, assassinado em casa no Rio Grande do Norte, no dia 1° de novembro de 2007.

Pela manhã foram realizadas atividades nos municípios de Atalaia, Delmiro Gouveia, Matriz de Camaragibe, Maragogi e São Brás, como vigílias na frente dos fóruns municipais, para denunciar a concentração de terras que ocorre no estado.

No estado de Alagoas há uma grande concentração das riquezas nas mãos de poucos grupos. Esses que por sua vez acabam tendo muita influência política, exercendo domínio histórico no estado. Nesse sentido, uma das pautas do MST é pela federalização dos crimes de pistolagem cometidos contra Sem Terra, para que a Justiça possa ter autonomia ao julgar os casos.

Na luta pela Reforma Agrária, o MST em Alagoas decreta o dia 29 de novembro como dia estadual de luta contra a violência e a impunidade.

Informações à imprensa sobre a violência em Limeira:

Ana Maria Straube de Assis Moura, tel:
55 11 8445 2524, email:
anastraube@yahoo.com.br

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