Em defesa da vida e da dignidade humanas!

Foto: Arquivo Brasil de Fato

A política adotada pelo Governo Federal para a promoção da Igualdade Racial tem buscado fazer justiça com os quilombolas e também indígenas, que no Brasil sempre foram deixados à margem da sociedade e tratados como inferiores.

Existe uma dívida histórica com estes povos e que parte desta política tenta acertar: a demarcação de territórios. O reconhecimento oficial de territórios quilombolas e indígenas é uma demanda das comunidades e o que o Governo Federal tem buscado – demarcando áreas – é tão somente fazer justiça.

Os negros e índios resistiram há séculos de massacres, escravização, preconceito, desrespeito à suas culturas e à condição de serem, como todos nós, humanos. À base de muitos sacrifícios, conseguem agora sonhar com a possibilidade do Estado corrigir os erros do passado.

No Espírito Santo, entretanto, parece que voltamos no tempo e assistimos a um movimento reacionário e conservador de parte da elite do campo, movimento este que converge com os interesses de empresas multinacionais latifundiárias, que fazem da terra não um bem para produção de alimento e perpetuação da vida, mas um fim exclusivo de obtenção de lucro.

Ao contrário do capital privado, o que indígenas, quilombolas, camponeses e pequenos agricultores têm com a terra é uma relação sagrada e harmoniosa. Para eles, a terra é vida, é acolhimento, é sustentabilidade!

Apesar dos discursos oficiais do Governo do Estado, que o Espírito Santo vive um novo momento, assistimos em pleno século 21 ao fortalecimento do coronelismo, um tempo de ameaças, de coerção e uso do poder contra os mais fracos.

Os proprietários de terra no Norte do Espírito Santo se uniram contra indígenas e quilombolas e têm promovido passeatas e atividades para protestar contra a demarcação oficial de terras para estas comunidades. Usam também o método de buscar apoio nos poderes Legislativo e Executivo, inclusive no Senado Federal, aonde têm respaldo de senadores capixabas.

No dia 09/11/07, saíram do Norte em direção a Vitória, em mais uma tentativa de perpetuar o preconceito e a injustiça. Tudo com aval do Governo do Estado, que oferece espaço para diálogo com estes proprietários, mas nunca aceitou sentar para conversar com as comunidades indígenas e quilombolas.

As entidades dos movimentos sociais capixabas e seus simpatizantes repudiam qualquer discurso e prática racista que tentam jogar a sociedade contra os que de fato sempre foram injustiçados neste País.

Assinam:

Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra

Movimento Nacional de Direitos Humanos/ES

Centro de Apoio aos Direitos Humanos Valdício Barbosa dos Santos.

Pastoral Metodista de Convivência com o Povo Guarani

Rede Alerta Contra o Deserto Verde

Instituto Portas Abertas (IPA)

Simone Raquel Batista Ferreira – geógrafa – Serra/ES

— 
“Ninguém respeita aquilo que não conhece. Precisamos mostrar quem somos, a força, a beleza, a riqueza da nossa cultura. Só assim vão entender e admirar o que temos.” Wabuá Xavante

“As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentar pela invasão incessante de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem mudar dentro dos limites da ecologia, surda perante o clamor social e cega perante o compromisso político.” Eduardo Galeano

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *