Marilena de Souza Chauí –
Marilena Chauí abriu o ciclo de conferências “O Silêncio dos Intelectuais”, primeiro de uma série de seminários promovidos pelo Ministério da Cultura, com conferências realizadas nos estados de São Paulo onde se realizou a palestra de Marilena Chauí no dia 22 de agosto de 2007, no dia 23 de agosto no Rio de Janeiro, também foram realizadas conferencias nos estados de Belo Horizonte e Salvador.
O primeiro ciclo procurou debater o papel dos intelectuais na sociedade contemporânea. Em sua palestra, Chauí, traçou um panorama da atuação desses pensadores na história e a importância da autonomia para que eles possam ser considerados verdadeiros intelectuais. Para ela, o papel desenvolvido pelas ciências no sistema neoliberal é uma das explicações do atual afastamento dos intelectuais engajados. “Se as artes já haviam sido devoradas pela indústria cultural, agora são as ciências e as técnicas que se encontram submetidas à lógica do capital” disse a filósofa.
Marilena Chauí escolheu como seu tema no ciclo de conferências “o silêncio dos intelectuais” uma pergunta: O intelectual engajado, uma figura em extinção?
O texto da autora tem como epígrafe uma passagem de ADORNO, nas Minima Moralia quando ele diz que “o conhecimento não tem nenhuma luz senão a que brilha sobre o mundo a partir da redenção”. A autora disse ter dividido sua exposição em cinco partes, e admitiu tratar-se de uma explanação muito longa,muito embora nada cansativa, a primeira versão teria sido de quase 40 páginas, a segunda de 30, a terceira 20 e por fim 19 páginas. Em sua explicação, Marilena Chauí atribuiu a reclusão dos intelectuais à carência de um pensamento capaz de interpretar as contradições do presente e decretou: “a despolitização da sociedade produz a substituição do intelectual engajado pela figura do especialista competente”.
A primeira parte de sua exposição inicia-se tratando da interpretação do processo histórico moderno a partir da percepção de Boaventura dos Santos, que considera que este processo assentou-se em dois pilares, o da regulação e o da emancipação. O da regulação assentou-se sobre três princípios: o estado, o mercado e a comunidade.O pilar da emancipação foi constituído por três lógicas ligadas a idéia de autonomia racional, a racionalidade expressiva das artes, a cognitiva e instrumental da ciência e da técnica e a racionalidade pratica da ética e do direito.Segundo Chauí, o projeto da modernidade julgava possível o desenvolvimento harmonioso da regulação e da emancipação e a racionalização completa da vida individual e coletiva, todavia o caráter abstrato dos princípios de cada um desses pilares, levou cada um deles a tendência a maximização com a exclusão do outro e a articulação entre o projeto moderno e o surgimento do capitalismo assegurou a vitória do pilar da regulação contra o da emancipação.
Podemos dizer, partindo desta referencia que o pilar da emancipação ou a lógica da autonomia racional das artes, ciências, técnicas, ética e direito foi determinante para o surgimento da figura moderna do pensador e do artista não submetidos às instituições eclesiásticas, estatais e acadêmico universitária, a autonomia racional moderna das ações e a autonomia racional moderna, “do pensamento” as ciências e a filosofia conferiu aos seus sujeitos algo mais que a independência, conferiu-lhes a autoridade teórica e prática para criticar as instituições religiosas políticas e acadêmicas assim como os filósofos da ilustração francesa, e no século XIX a autoridade para criticar a economia, as relações sociais e os valores sociais, assim como os socialistas utópicos, os marxistas e os anarquistas, o pilar da autonomia racional tornou possível o surgimento daqueles que Zola convocou a cena pública dando-lhes o nome de intelectuais.
Chauí cita um ensaio de Bourdieu sobre o papel dos intelectuais no mundo moderno mencionando uma passagem do mesmo:
“Os intelectuais surgiram historicamente no e pelo ultrapassamento da oposição entre cultura pura e o engajamento; são por isso seres bidimensionais; para evocar o titulo de intelectual, os produtores culturais precisam preencher duas condições, de um lado pertencer a um campo intelectualmente autônomo, independente do poder religioso, político econômico e outros, e precisam respeitar as leis particulares desse campo de conhecimento. De outro lado precisam manifestar sua perícia e sua autoridade especifica numa atividade política exterior ao campo particular da sua atividade intelectual, Eles precisam permanecer produtores culturais em tempo integral sem se tornar políticos no sentido profissional do termo. Apesar da antinomia entre autonomia e engajamento, é possível mantê-los simultaneamente, quanto maior a independência do intelectual com relação a interesses mundanos, a independência advinda da sua mestria, tanto maior a sua inclinação a asseverar esta independência criticando os poderes existentes e tanto maior a efetividade simbólica de qualquer posição política que ele possa tomar.”“.
De acordo com Chauí, se acompanharmos o percurso histórico dos intelectuais perceberemos que existe uma situação paradoxal, uma síntese difícil dessa bidimensionalidade da qual falou Bourdieu, pois os intelectuais oscilam entre o recolhimento e o engajamento, o silêncio e a intervenção pública, oscilação que decorre das circunstancias nas quais a demanda de autonomia racional é respeitada ou ameaçada pelos poderes instituídos; se ela é respeitada os produtores culturais permanecem recolhidos, se ela é ameaçada eles se tornam intelectuais, isto é, eles vêm a publico, ou seja, a cena publica defendê-la.
A fala pública, e a ação publica dos intelectuais justamente porque balizadas pela afirmação da autonomia assumem dois traços principais: a transgressão com referência a ordem vigente e a defesa de causas universais, isto é, distante de interesses particulares imediatos, nada melhor para ilustrar a dificuldade e os paradoxos do intelectual engajado do que as divergências entre Sartre e Ponty sobre o engajamento ou sobre a figura surgida na França após a segunda guerra Mundial, a do intelectual engajado, e cuja a forma visível foi a criação pelos dois filósofos de uma revista de intervenção política e cultural. As divergências entre os dois surgem em 1953 por ocasião da defesa do partido comunista francês feita por Sartre que até então era anticomunista confesso. Em 28 de abril de 1953 o PCF convocou os operários franceses para uma manifestação contra a guerra da Coréia, e em 4 de maio do mesmo ano convocou uma greve geral de repudio a prisão do secretario geral do partido ocorrida durante a manifestação de Abril, nas duas ocasiões os operários não responderam em massa a convocação, Sartre que era anticomunista, publica uma serie de artigos intitulada “os comunistas e a paz” contra a prisão do secretário do PCF, contra o anticomunismo e contra a fraca resposta dos operários ao chamamento do PCF, em relação ao anti comunismo, Sartre disse que quando atacado um partido comunista deve ser incondicionalmente defendido por todas as esquerdas, com respeito a fraca resposta do operariado francês ao PCF, ele parte da afirmação de Marx em “o manifesto comunista”da necessidade do proletariado organizar-se em um partido revolucionário e conclui “sendo o PCF tal partido sem ele os operários não existirão como classe , mas apenas como uma massa passiva e alienada”, Ponty reage e recusa a posição de Sartre publicando na revista um artigo sobre a relação entre filosofia e política propondo abrir um debate sobre a crise vigente nos anos de 1950, da idéia de revolução porque substituiu-se a idéia de Marx do desenvolvimento da consciência de classe pela idéia bolchevique de interesses do partido.
Segundo Ponty , Sartre a maneira bolchevique identifica a história do proletariado com a ação dos partidos comunistas esquecendo a longa e difícil história dos movimentos operários, para ficar com a auto imagem revolucionaria de uma burocracia partidária que se coloca como representante exclusiva da classe.Ponty enfatiza a diferença entre Marx e os PCs , enquanto Marx exigia uma práxis tecida nas mediações entre a subjetividade proletária e a objetividade das condições materiais históricas, os partidos comunistas praticam a partir do bolchevismo uma ação identificadora entre a subjetividade e a objetividade sem nenhuma mediação. A questão vinculada à figura do intelectual engajado colocava um dos temas fundamentais que Sartre e Ponty desenvolveram em suas obras: o da relação entre filosofia e política. Sob o impacto do Marxismo e da revolução proletária, ambos conceberam a filosofia como recusa de um pensamento separado do mundo tal como era realizada pela filosofia universitária francesa espiritualista e idealista, mas também conceberam a filosofia como critica da filosofia da história feita pelo partido comunista francês esclerosada pela divergência entre uma teoria idealista e uma práxis empirista solidária com o stalinismo e com a visão burocrática do pensamento e da ação.
Nas questões de método Sartre escreve : “havíamos sido educados no humanismo burguês e este humanismo otimista se esfacelava porque adivinhava nos arredores da nossa cidade a imensa massa de sub homens conscientes da sua sub humanidade” citação de Marx feita por Sartre, “mas ainda sentimos o esfacelamento de maneira idealista e individualista, os autores que amávamos naquela época nos diziam que a existência é um escândalo, todavia, o que nos interessava realmente eram os homens reais com seus trabalhos e as suas penas, exigíamos uma filosofia que desse conta de tudo, sem nos apercebermos que ela já existia, e que ela era justamente aquela que procurava em nós essa exigência”.
De modo parecido em um ensaio chamado “A guerra aconteceu” Ponty descreve o esfacelamento do otimismo humanista universitário e da boa consciência francesa sobre os efeitos da guerra que trouxe a evidência bruta e irrecusável do peso da história, da opacidade das relações sociais, porque essas não são relações imediatas entre consciências, mas sim relações mediatizadas pelas coisas e pelas instituições. “Os franceses foram surpreendidos com guerra no verão de 1939″ diz Ponty “porque nós, não nos guiávamos pelos fatos e havíamos secretamente decidido ignorar a violência e a infelicidade como elementos da história, na universidade professores ensinavam que guerras nascem de mal entendidos que podem ser dissipados ou de acasos que podem ser conjurados pela paciência e pela coragem, em seu turno os intelectuais do PCF certos de possuírem o segredo da historia e da luta de classes, consideraram o nazifacismo uma crise do capitalismo, e a guerra apenas uma aparência que não tocaria na solidariedade internacional do proletariado, em suma elaboraram uma ideologia da guerra e da luta de classes, que lhes permitia pela aplicação mecânica da relação capital trabalho evitar uma analise materialista e histórica da guerra e da luta de classes”.
A tese nuclear da primeira filosofia de Sartre “o ser e o nada” é a diferença de essência entre o mundo das coisas “o ser”, e a consciência “o nada”, o ser é resistente, opaco, viscoso, ele é o “em si”, a objetividade nua e bruta, o nada, ao contrário é a consciência, que é insusbstancial, pura atividade e espontaneidade, é o “para si” a subjetividade plena, para ela os outros embora presumidos como humanos são parte do mundo portanto são seres, e como seres são coisas, donde vêm a célebre expressão na peça teatral “Entre quatro paredes” de Sartre “o inferno são os outros” , pois cada um deles enquanto consciência ou sujeito reduz aos demais a condição de mera coisa e é reduzido pelos outros também a condição de uma coisa, embora situada no mundo, a consciência por ser nada, por ser pura atividade, não é condicionada pelo mundo, não é condicionada pelo ser e não pode ser determinada pelas coisa e nem pelos fatos; e pelo contrário ela tem o poder de nadificá-los, fazendo-os existir como Idéias, imagens, sentimentos e ações. A consciência sem amarras é liberdade pura, de onde é conhecida a fórmula sartreana, “estamos condenados à liberdade”.Para Sartre a liberdade dá sentido ao engajamento.
Para Merleau Ponty, desde suas primeiras obras, o nada sartreano era apenas a nova versão idealista e intelectualista da consciência de si reflexiva, portanto como queria a filosofia idealista, uma consciência que é soberana, fundadora, constituidora do sentido das coisas, do sentido do ser. Ao contrário a filosofia merleau-pontyana acentua o mundo pré-reflexivo, no qual vivemos e de onde emergimos como intercorporeidade, e intersubjetividade, portanto amarrados ao tecido do mundo e aos outros, sem o poder para constituí-los. A filosofia de Merleau Ponty ergue-se contra o intelectualismo, isto é, contra a suposição da soberania da consciência como doadora de sentido e como fundadora do mundo enquanto significação. Contra a herança intelectualista, Ponty afirma a encarnação da consciência num corpo cognoscente e reflexionante, um corpo dotado de interioridade e de sentido, relacionando-se com as coisas como corpos sensíveis também dotados de interioridade e de sentido e com os outros os quais não são coisas e nem partes da paisagem, mas os nossos semelhantes, se a consciência não é uma pura espontaneidade desencarnada e soberana, compreende-se que a liberdade na formulação de Merleau Ponty seja o poder para transcender a situação de fato que não escolhemos dando-lhe um sentido novo. O filósofo não pode de modo algum se separar e afastar-se do mundo, pois nós não estamos “no mundo” como queria Sartre, mas nós somos do mundo e com o mundo, assim para Merleau Ponty é o engajamento que dá sentido a liberdade e escreve que: “nenhum engajamento pode fazer-me ultrapassar todas as diferenças e tornar-me livre para tudo, sou uma estrutura psicológica e histórica, todas as minhas ações e os meus pensamentos estão em relação com esta estrutura, e até mesmo o pensamento de um filósofo nada mais é do que uma maneira de explicar a sua pegada sobre o mundo, e no entanto sou livre, não apesar , não a despeito, não aquém das motivações mundanas , mas por meio delas, essa vida significante, essa certa siginificação da natureza e da história que eu sou não limitam o meu acesso ao mundo pelo contrário são o meu meio de comunicar-me com ele “.
Quais as conseqüências políticas dessas duas concepções divergentes da filosofia? Para Sartre, visto que a consciência é leve e insubstancial, o filósofo pode aceitar o apelo de todos os fatos e de todos os acontecimentos não se deixando impregnar por nenhum deles, conservando a soberania, para Merleau Ponty, porque a consciência é encarnada num corpo e situada na intercorporeidade e na intersubjetividade, “o filósofo não pode dar o assentimento imediato e direto a todas as coisas sem considerando-os” isso significa que é preciso diz ele, ser capaz de tomar distância para ser capaz de um engajamento verdadeiro, e um engajamento verdadeiro é sempre um engajamento da verdade.
Sartre, porém afirma que Merleau Ponty possui uma concepção da filosofia que só aparentemente permitiria conciliá-la com a política e que realmente ambas são inconciliáveis; a política de Sartre é ação fundada numa escolha objetiva a partir dos dados e dos fatos disponíveis, “se a filosofia for como pretende Merleau Ponty, a exigência de antes de escolher colocar-se num distanciamento que permita apreender totalidades parciais em vez de fatos isolados que formam a nossa experiência cotidiana, então se for assim, um filósofo de hoje não pode tomar uma atitude política”.
“Ora, o que pretende Merleau Ponty em Julho de 1953?” “Eu sinto que é preciso saber o que é o regime soviético para escolher a favor ou contra”Ponty. retruca Sartre “ora ,esta exigência que parece ser meramente empírica, ou seja , há necessidade de ter mais dados, é na realidade uma dificuldade de principio, pois nós nunca possuímos um saber total sobre as condições históricas , escolhemos sempre sem pleno conhecimento e sobretudo nós não podemos invocar a reflexão filosófica quando somos chamados a reagir ao que é urgente, assim a concepção merleau-pontyana está equivocada ,ela na verdade é uma renúncia a política, é uma filosofia preguiçosa.” Merleau Ponty retruca “eu não renunciei a política, eu apenas me renunciei a conceber o engajamento nos mesmos termos em que tú o concebes”.
Como Sartre concebe o engajamento? “o intelectual engajado é o escritor de atualidades, que opina e intervém em todos os acontecimentos que ele julga relevantes a medida em que eles vão se sucedendo uns aos outros.O intelectual engajado é aquele que vive num estado de vigília permanente”.
Merleau Ponty recusa esse tipo de engajamento por dois motivos:o primeiro “Ao escrever em conta gotas sobre cada acontecimento o escritor induz o leitor a aceitar fatos isolados que ele recusaria se ele pudesse ter uma visão mais abrangente ou ao contrário, induz ao leitor a recusar como odiosos fatos isolados que se ele percebesse de maneira abrangente ele aceitaria, a vigília engajada de Sartre é afinal má fé, não informa, não analisa , não reflete, corre e muda ao sabor dos eventos, de tal modo que se fosse dado ao leitor um dia reunir o conjunto de manifestos e pequenos artigos diários, mensais, semanais deste intelectual engajado ou do comentarista político perceberia a incoerência, a leviandade, a irresponsabilidade daquele que escreve”.
O segundo motivo da recusa de Ponty é a primeira vista paradoxal, com efeito, tendo apresentado o primeiro motivo, poderíamos supor que Ponty houvesse atacado Sartre por agir às cegas, manifestando-se por toda a parte sobre todos os acontecimentos sem jamais possuir um conhecimento aproximado do todo, ou pelo menos as linhas de força, os vetores dos eventos não lhes alcançando a significação, ora, dá-se exatamente o contrário, e que graças a concepção sartreana da consciência como “um nada” incondicionado, livre e soberano, a soberania da consciência sobre o ser , permite que Sartre construa em pensamento e em imaginação um futuro fixo , mantido em segredo e que regula clandestinamente o curso dos acontecimentos, aconteça o que acontecer, Sartre possuí o futuro e a história em pensamento, sendo-lhe fácil opinar sobre tudo e tomar posição em tudo, em outras palavras, os acontecimentos são tidos como a superfície de um sentido secreto, conhecido apenas pelo filósofo que por isso Soberanamente opina politicamente; espectador absoluto, soberano,e transcendente o filósofo julga ter a chave do tempo, da historia e do mundo, sob a aparente modéstia da vigília permanente, daquele que Sartre dissera “sabe que a condição humana é da escolha na ambigüidade”, sempre as cegas , na ignorância do todo, na verdade sobre isso esconde-se a presunção de ser espírito absoluto, se o filosofo julga poder dizer, não importa o que, a cada dia, é por julgar-se na posse do sentido total da história, sua irresponsabilidade cotidiana tem como pressuposto uma historia completa já realizada em pensamento que apagará da memória os passos empíricos por ela realizados, porque os absorve num sentido único que os tornará irrelevantes, quando a pena de tê-los feito também houver se tornado irrelevante, por isso mesmo Sartre podia escrever em Julho 1953 ” Todo anti comunista é uma criatura desprezível e nada me fará mudar de opinião” mas, três anos depois sob o impacto da invasão soviética de Budapeste ele escreveu: “jamais será possível reatar relações com os dirigentes do PCF, resultado de 30 anos de mentiras e esclerose, hoje volto a oposição”.
Com Sartre e Merleau Ponty, duas concepções da filosofia e do engajamento intelectual estão em choque, estamos perante a oposição entre a concepção da filosofia como consciência soberana clandestina que manobra as posições de opiniões políticas sabendo de antemão que elas não são decisivas, elas nem importam porque o curso da história se realiza secretamente com ou sem elas, e a concepção que percebe a consciência mergulhada no mundo fazendo-se na relação com ele e que, portanto não dispõe da chave da história nem da chave da política, em “as aventuras da dialética” Merleau Ponty diz: “A história não é uma lógica da necessidade absoluta, e a política não é a álgebra da história, o revolucionário navega sem mapas, por isso mesmo cada ato, cada gesto, cada palavra, cada pensamento, contam na determinação do curso da história e da política, pois está sob a nossa responsabilidade compreender as mediações subjetivas e objetivas que orientarão o rumo dos acontecimentos, manifestar-se sobre tudo, assumir posição e ter opinião sobre tudo, mudar de atitude conforme mudem os ventos, abandonar a obra já escrita desdizendo-a e desdizendo-se é irresponsabilidade não é liberdade, isso significa que muitas vezes o verdadeiro engajamento exige que fiquemos em silêncio, e que não cedamos as exigências cegas da sociedade.”
As relações do filósofo com a cidade são difíceis, diz Merleau Ponty, ele menciona Sócrates, Bruno, Galileu, porque a cidade lhe pede exatamente o que ele não pode lhe dar: o assentimento imediato a tudo sem nenhuma consideração. As divergências entre Sartre e Merleau Ponty nos colocam diante dos impasses e das aporias da autonomia racional.A defesa da autonomia racional por Ponty é vista por Sartre como álibi para que uma filosofia impotente faça um engajamento fraco; a suspensão provisória da autonomia racional por Sartre é vista por Ponty como álibi para um uso instrumental do engajamento por uma filosofia onipotente.
O intelectual engajado, uma figura em extinção? 1ª parte
Excelentíssima Dra. Mestra Professora Marilena Chauí! Saudações PSOLISTAS! Li na íntegra seu excepcional texto, como todos os textos seus, dos quais muitos já trabalhei e trabalho, como professor de Filosofia do Ensino Médio do CIEP146 de São Pedro da Aldeia! Se possível, gostaria de constar na sua lista de endereços para os quais envia suas mensagens. Fico-lhe muito grato, DSFVasconcellos
O intelectual engajado, uma figura em extinção? 1ª parte
Prezado amigo Domingos Sávio Falcão Vasconcellos
Este texto é uma reprodução na íntegra da conferência “O silêncios dos intelectuais” proferida pela filósofa Marilena Chauí e transcrito por mim, infelizmente não possuo o endereço de email da mesma, se caso eu possuísse com certeza lhe daria, mas tente procurar nos sites da USP ou outro que a filósofa tenha ligação direta, se caso eu conseguir enviarei para você,Um grande abraço!
Bianca Wild
O intelectual engajado, uma figura em extinção? 1ª parte
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O intelectual engajado, uma figura em extinção? 1ª parte
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O intelectual engajado, uma figura em extinção? 1ª parte
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