Hizbollah refortalecido
Após o fim da última guerra entra Israel e o Líbano, em 2006, em que mais de 1300 civis libaneses foram mortos pelos bombardeios israelenses, o trabalho do partido libanês Hizbollah se voltou para a reconstrução do que Israel destruiu. Mais de um ano depois, um breve passeio pelo sul do Líbano prova que o partido islâmico está completamente fortalecido. De fato, parece que toda a estrutura militar do Hizbollah esteve somente bem escondida durante o pós-guerra.
O apoio do povo libanês ao partido islâmico está claro nas ruas das cidades. São dezenas de pôsteres e bandeiras penduradas pelas ruas, exclamando a “vitória divina” sobre Israel – como a vitória do Hizbollah sobre o exército de Israel foi oficialmente intitulada pelo líder do partido, o xeque Sayyed Hassan Nasrallah. Os agradecimentos ao Irã são também expostos pelo povo – a nação do presidente Mahmoud Ahmadinejad foi a que mais ajudou o Líbano para a reconstrução do país. De acordo com fontes locais, o recrutamento de jovens para os rankings do Hizbollah cresceu desde o fim da guerra, e o partido se tornou ainda mais expressivo no sul do país.
Ao contrário da União Européia, os Estados Unidos classificam o partido como uma “organização terrorista”, e acusam a Síria e o Irã de “colaborar com o fortalecimento do Hizbollah”. Segundo o governo estadunidense, o apoio econômico destinado à reconstrução do país teria sido, na realidade, um modo de rearmar o exército do partido libanês. Assim como as “armas de destruição em massa” de Saddam Hussein, tudo não passa de pura especulação – nada foi encontrado que sustentasse tal acusação. Não é segredo que o Hizbollah recebe enormes quantias de apoio financeiro de fontes privadas, interessadas em proteger as comunidades xiitas do sul do Líbano. Esse dinheiro é enviado normalmente ao partido libanês através das dezenas de organizações sociais que o partido fundou com o passar dos anos.
O Hizbollah se orgulha de “estar em todos os lugares e em nenhum lugar ao mesmo tempo”, como eles mesmos classificam as suas posições no sul do Líbano. Essa força que o partido islâmico representa tem sido ignorada pelos países ocidentais, mas nem a ONU conseguiu evitá-los. Quando 6 soldados das forças da ONU foram mortos em junho desse ano, a própria ONU e o governo libanês pediram ajuda ao Hizbollah para que os culpados fossem encontrados. Logo se ficou sabendo que se tratava de um ataque conduzido pelo Fatah al-Islam, a milícia de Nahr El-Bared que surgiu como conseqüência de um acordo entre o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, o Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Elliot Abrams, e o Conselheiro de Segurança Nacional da Arábia Saudita, Príncipe Bandar Bin Sultan, em dar suporte a grupos sunitas no Líbano, em contrapeso ao fortalecimento do Hizbollah no pós-guerra.
Em Marwaheen, uma vila sunita na fronteira com Israel, as cercas que separam o Líbano do seu grande inimigo são marcadas por cartazes como “Morte a Israel” ou “Voltem sempre, estamos preparados”. Hussein Ghannam, um dos habitantes da vila, fala do Hizbollah com admiração: “O Hizbollah é a resistência, e Israel é o agressor – sunitas, xiitas ou cristãos, não importa, essa é a realidade”. Um ano depois do fim da guerra, o evidente fortalecimento do Hizbollah é a maior prova da derrota israelense.
FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº78 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_78.pdf
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