Foto: Fernanda Matheus
“Homofobia é o preconceito contra aqueles que amam pessoas do mesmo sexo. É o preconceito contra pessoas que têm sentimentos, anseios, necessidades e esperanças como qualquer outro ser humano” (Programa Brasil sem Homofobia).
Estamos no terceiro dia de Fórum, seguem os debates a respeito da diversidade. Dessa vez o assunto é a diversidade sexual e a igualdade de gênero, por uma sociedade sem racismo, machismo e homofobia.
A atividade autogestionada (oficina) foi ministrada pela equipe do grupo “Educando para a paz na diversidade sexual e igualdade de gênero”, que atua em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Minitério da Educação (SECAD/MEC), no âmbito dos “Projetos de Formação para a Promoção da Cultura de Reconhecimento da Diversidade Sexual e da Igauldade de Gênero”, em cumprimento ao “Programa Brasil sem Homofobia” e ao “Plano Nacional de Políticas para as Mulheres”. O grupo é da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Suzano.
A oficina envolveu os participantes com uma dinâmica que colocou a reflexão sobre os papéis sociais que temos na sociedade. Pretendeu-se problematizar as representações sociais que temos sobre os infinitos papéis que desenvolvemos no meio social no qual estamos inseridos.
A dinâmica consistiu no seguinte: as educadoras distribuíram papéis sociais diversos, como o de ‘médico’, ‘policial’, ‘professor’, ‘desempregado’, ‘gay’, ‘travesti’, ‘mulher casada’, ‘mulher solteira’, etc. Papéis estes que nem sempre estavam relacionados, necessariamente, ao que realmente representamos.
Os participantes não tinham ciência da “nova” identidade social que estavam carregando. Foram escolhidas algumas pessoas para representarem a sociedade, essas estariam incumbidas de “colocar cada qual no seu devido lugar”, tendo como base a visão média, muitas vezes estereotipada desses papéis. Nós não carregamos apenas uma identidade social, ora somos filhos, ora somos pais e mães, ora somos educadores e educandos, ou seja, esses papéis não são categoricamente definidos, imutáveis, estagnados. Porém, a proposta era de trabalhar com a visão do estereótipo para facilitar a dinâmica. Essas relativizações acerca dessa problemática foram pontuadas no diálogo que se travou durante o processo de aprendizagem que ali estava acontecendo.
A dinâmica afetou as pessoas no sentido de demonstrar o quanto a sociedade é perversa, do quanto ela é antidemocrática, machista, homofóbica, racista e preconceituosa. As pessoas se sentiram mal por não poder transitar por todos os espaços sociais, isso ocasionou num incômodo. “O objetivo é fazer eles sentirem na pele o que o negro, a mulher e o homossexual sofrem na realidade. É diferente discutir gênero, preconceito antes da dinâmica e depois da dinâmica, devido ao ato vivencial”, afirma a educadora social Luciana Freitas.
Os educadores discutiram questões relativas ao tabu da sexualidade na nossa sociedade, a dificuldade que eles têm de conversar sobre esse tema nas escolas. “É preciso ter muito cuidado na hora de tratar desse assunto, temos que saber de onde vem o aluno, suas crenças, seus valores, qual é sua vivência familiar, os valores que a família transmite a essa criança”, afirma uma educadora de educação física. “Eu tive dificuldade de trabalhar com sexualidade, os pais chegavam no outro dia reclamando, pedindo para que os filhos não assistissem a aula”, complementa.
O problema se agrava ainda mais quando se insere a figura do educador homossexual nesse contexto. Cláudio Alves, educador homossexual, fala sobre a dificuldade encontrada por ele na escola onde atua, devido a homofobia de outros educadores, dos alunos e dos pais de alunos. “Eu tento ser discreto para não criar situações constrangedoras, alguns pais dizem que não são homofóbicos, mas deixam claro que não querem me ver educando os filhos deles, é muito complicado”, desabafa.
“Se cada ser vivo é diferente de todos os outros seres vivos, então a diversidade se torna fato real irredutível da vida. Só as variações são reais, e para vê-las simplesmente temos que abrir olhos. O problema é que todas as pessoas querem ser iguais, acham mais fácil ignorar esse aspecto fundamental da condição humana, querem tanto fazer parte de um grupo que traem sua própria natureza para conseguir isso” (Trecho do filme O Relatório Kinsey).
Construindo novas relações de gênero
Boa tarde, gostei da dinâmica de grupo e gostaria de receber orientação para trabalhar essa dinâmica com um grupo de professores. Obrigada Gislaine
Construindo novas relações de gênero
14 de setembro de 2007, por Wanderson Mansur
Dinâmica propõe reflexão sobre diversidade sexual e de gênero