Por que tantos civis morrem no Iraque?
“Muitos iraquianos estão me ouvindo essa noite. Eu tenho uma mensagem para eles: se precisarmos iniciar uma campanha militar, será direcionada contra os governantes ilegais do seu país, mas não contra vocês”, anunciou o presidente estadunidense George W. Bush antes de iniciar a invasão do Iraque, em 2003. A mensagem colou no mundo ocidental, mas os iraquianos sabiam que uma guerra de petróleo por sangue estava a caminho.
Para provar a sua “sinceridade”, Bush indiscriminadamente bombardeou o mercado de Al-Nasser, na região de Al-Shu’la da capital iraquiana, na manhã do dia 28 de março de 2003, uma semana após os primeiros ataques ao Iraque. Com o criminoso ataque ao mercado, em que havia apenas civis, 66 iraquianos foram mortos. O ataque foi seguido pela doutrina militar “Choque e Pavor”, um claro exemplo de terrorismo bárbaro contemporâneo. Milhares de civis inocentes iraquianos foram mortos diariamente pelas provas de força estadunidenses por todo o país, no que se tornou um dos maiores atos de agressão premeditados da história. Mas, por que os Estados Unidos iniciaram uma campanha de massacre de civis?
As atrocidades cometidas no Iraque mostram a realidade dos “valores ocidentais” de “progresso”. Assim que os bombardeios foram iniciados, a consciência moral do Ocidente evaporou-se. Os chamados “segundo-superpoderes”, que poderiam contrariar os planos estadunidenses, se calaram e desapareceram. O pretexto fabricado para legitimar a invasão, Saddam Hussein e os crimes por quais foi executado, foi usado como um instrumento para justificar crimes maiores e mais horrendos conduzidos pelas forças de invasão. Ironicamente, enquanto milhares de civis eram massacrados nas ruas ou em suas casas pelos bombardeios, o edifício do Ministério do Petróleo Iraquiano, localizado no centro de Bagdá, permaneceu intacto. Nem os prédios ocupados pela ONU tiveram a mesma sorte.
Alguns meses após a invasão ter sido iniciada, quando os primeiros violentos crimes estadunidenses chegaram ao conhecimento do público, a ONU se apressou em legitimar a invasão, apesar de a ter condenado anteriormente e ter sido completamente ignorada pelos Estados Unidos. Dando aval a uma ocupação ilegal, a ONU se tornou cúmplice dos crimes de guerra conduzidos contra o povo iraquiano.
Após desmentidos os pretextos iniciais para a invasão do Iraque, mas já afiançada pela ONU, a ocupação do país se tornou uma “guerra contra a Al-Qaeda”. Ironicamente, porém, nem sequer existia Al-Qaeda no Iraque antes da invasão do país. A Al-Qaeda chegou ao Iraque com os Estados Unidos, assim como o atual “extremismo”, visto diariamente nas televisões ocidentais, que nada mais é do que uma conseqüência da criminosa ocupação do país.
Os ataques indiscriminados contra civis, conduzidos principalmente pelos mercenários estadunidenses, causou uma crise humanitária no país. De acordo com a ONU, cerca de 4,2 milhões de iraquianos foram desabrigados até então, a maioria fugindo para a Síria e a Jordânia. O jornal médico britânico The Lancet realizou um estudo que alerta que “os números de 655 mil civis iraquianos mortos pela ocupação desde 2003 é subestimado”. Fontes do atual governo iraquiano, pró-ocidental, afirmam que “cerca de 300 civis são mortos diariamente pelas tropas estadunidenses e seus colaboradores”. Apesar das evidências, tais fatos continuam a ser esquecidos pela mídia ocidental. No futuro, quando novas invasões acontecerem, tais números se tornarão conhecidos por todos, entretanto será tarde demais.
Os ataques estadunidenses contra civis aumentaram recentemente, após o envio de mais de 20 mil soldados para o país. Isso se deve muito, no entanto, pelo aumento também de mercenários contratados pelo Pentágono. São pelo menos 160 mil mercenários agindo atualmente no Iraque, imunes a acusações judiciais e operando na tangente de Leis Internacionais de Guerra. Os maiores crimes contra civis até o momento, como o massacre de manifestantes em Najaf em 2004 e o recente banho de sangue contra civis iraquianos que comemoravam o sucesso do time iraquiano de futebol, foram conduzidos por mercenários contratados pela estadunidense Blackwater. Até o momento, não se sabe nenhum nome de envolvidos nas investidas.
Após mais de 4 anos de ocupação, só sobraram crimes de guerra no Iraque. A estratégia estadunidense de massacrar civis indiscriminadamente, em uma tentativa de pacificar o povo iraquiano e reduzir o apoio civil à Resistência Iraquiana, se mostrou mais um plano derrotado. A única solução no horizonte é a completa retirada das forças estrangeiras do Iraque. Infelizmente, porém, o dano foi causado, e as conseqüências virão nos próximos anos.
FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº70 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_70.pdf
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