Com marcha de abertura programada para a tarde desta quinta-feira, dia 2 de agosto, começa em Salvador (BA) a segunda edição do Fórum Social Nordestino. A primeira foi realizada em novembro de 2004, com o envolvimento dos movimentos sociais dos nove Estados nordestinos. Segundo os organizadores/as, a experiência provocou uma articulação entre participantes da coordenação colegiada capaz de se manter atuante durante esse intervalo de três anos, organizando diversos eventos menores que caracterizaram o FNE como um processo contínuo. É algo inédito para os movimentos sociais do Nordeste.
O II FSNE em Salvador deve mostrar a diversidade das lutas regionais, “inúmeras mas fragmentadas, tematicamente como geograficamente”, de acordo com a organização do evento. Essas características tornam difícil o enfrentamento político mais articulado – e o FSNE é visto como uma contribuição para que muitos e diferentes protagonistas regionais se fortaleçam reciprocamente.
Além das agendas de luta, em temas que vão da transposição do São Francisco aos programas energéticos brasileiros, dos direitos dos povos tradicionais à resistência à multinacionais, o Nordeste tem uma profusão de experiências alternativas e solidárias que interessam aos movimentos que participam do processo do Fórum Social Mundial, mas não são tão conhecidas quanto as contribuições artísticas e culturais da região para a formação do povo brasileiro.
O FSNE reunirá mostras de modos cooperativos de sobrevivência e atividades e comércio justo – especialmente na Feira de Economia Solidária – mas também tratará do seu próprio desenvolvimento como questão estratégica para o país. Há uma “dívida histórica” com a região, de acordo com a organização do Fórum. E sem atacar os problemas sociais nordestinos, não é possível resolver os do Brasil.
Esse encontro pautado por preocupações regionais e nacionais será oportunidade para alguns debates que atraem os mais diferentes movimentos. Um dos temas que deve mobilizar o FSNE é a democratização da comunicação, com questionamentos da renovação das concessões à emissoras como TV Globo, Redes Record e Bandeirantes (que vencem dia 5 de outubro. O Nordeste sempre sofreu com o coronelismo televisivo, caracterizado pela era Antonio Carlos Magalhães na Bahia e o FSNE deve acrescentar argumentos e energia aos movimentos que preparam a próxima Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, também em outubro. A criminalização dos movimentos sociais é outra distorção midiática que a região conhece bem e deve debater com propriedade.
A programação completa do II Fórum Social Nordestino pode ser conferida diretamente no site do encontro. Aqui.