Que o mundo tem seus lugares sórdidos, não há dúvidas – todos concordam com isso. O que é pouco discutido, principalmente pela mídia ocidental, é a contínua batalha dos oprimidos contra a hipocrisia, caracterizada como “Lei Internacional”, que impera sobre esse mundo. Os militarmente poderosos aterrorizam os mais fracos sob a justificativa de “combater o terrorismo”, enquanto os ricos exploram os pobres em nome do “progresso”. Verdade, sempre haverá disparidades de poder e riqueza, mas quando uma minoria acumula grandes riquezas e o “resto” adoece na extrema pobreza, nasce um ressentimento entre os oprimidos. Porém, a violência que é às vezes resultado desse ressentimento dos mais fracos é insignificante quando comparado à violência dos ricos e poderosos em alcançar os seus interesses.
A política dos Estados Unidos durante os últimos 50 anos reflete perfeitamente essa questão. Nos poucos momentos em que a ONU mostrou coragem contra os Estados Unidos – por exemplo, condenando e não autorizando a invasão do Iraque em 2003 – os mesmos a ignoraram e seguiram em frente com a ocupação ilegal. Desde então, quase um milhão de pessoas, a maioria delas civis, foram mortas devido à desastrosa invasão ao país. Pelos cálculos da própria ONU, a atual guerra do Iraque irá causar, no mínimo, tantas mortes quanto o 1,5 milhão de civis mortos pelas sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos contra o regime de Saddam Hussein na década de 1990. Além da própria invasão, o uso de urânio em armas estadunidenses nos bombardeios de rotina por todo o Iraque contaminou permanentemente o meio ambiente do país, causando um aumento extremo nos níveis de câncer e outras doenças fatais. Enquanto isso, foram reveladas a realidade dos campos de concentração de Abu Ghraib e Guantánamo, para simbolizar a verdadeira natureza estadunidense.
Os Estados Unidos, porém, não são o único estado com imunidade quanto à “Lei Internacional”. Seus aliados incondicionais, como o estado sionista de Israel, encarou e ignorou, com sucesso, mais de 70 resoluções votadas e aprovadas contra o país pela ONU – muito mais do que o regime de Saddam Hussein, expulso e morto como propaganda de guerra no Iraque, ou o atual regime da República Islâmica do Irã sob o presidente Mahmoud Ahmadinejad, que já sofre sanções econômicas e constantes ameaças de invasão estadunidense. O estado sionista, porém, escapou de todas as condenações.
A realidade do mundo atual é que esses que supõem representar a civilização humana não são nada além de bestas de duas pernas, viciados pela matança de inocentes para os seus próprios fins, enquanto os que se recusam a submeter a tal barbarismo são marcados como “terroristas”. Os verdadeiros bárbaros e terroristas são esses que hoje lideram o mundo, considerados políticos respeitados, enquanto sabem, no fundo dos seus corações, que esta inversão de realidade não pode durar.
FONTE:
Jornal Oriente Médio Vivo – http://www.orientemediovivo.com.br
Edição nº64 – http://orientemediovivo.com.br/pdfs/edicao_64.pdf
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