Após atravessar uma sucessão de imensos acampamentos armados ao redor das vias de acesso à Rostock, onde ocorreria a reunião do G-8, a marcha de manifestantes contra o encontro dos representantes da globalização neoliberal se depararam com as levas de policiais com seus escudos, barrando qualquer avanço. Foi quando os black block entraram em ação, forçando a passagem escudados por lenços pretos, e utilizando pedras contra os cassetetes.
Ao sinal do confronto algumas dezenas de carros de polícia começaram a se enfileirar na rua lateral, indício de que avançariam para a avenida ocupada, engrossando o continente de fardados a pé. Foi quando jovens do black block decidiram fazer o bloqueio. Alguns manifestantes, sem máscaras, apoiaram a ação e se dirigiram à área de concentração dos veículos. Eles revelavam uma juventude estudantil que também dispunha de recursos pacíficos, ali decidida a confrontar o estado armado alemão. Eram várias faces e estéticas da mesma resistência.
Sentaram-se sobre o asfalto, à frente dos carros. Deitaram-se quando os carros enfileirados ligaram os faróis, atraindo para o grupo a atenção de membros do Conselho Internacional do FSM que participavam dos protestos. Entre eles, Rita Freire, da Ciranda, que juntou-se aos jovens em sinal de solidariedade, e Pierre George, da comunicação do FSM (site OpenFSM), que registrou o final da cena com seu celular.
Os carros da polícia, com motores ligados e faróis acesos, e com toda a intimidação que isto representava para o grupo desarmado à frente das rodas, não puderam no entanto avançar sobre os jovens black block ou simpatizantes. Um por um, começando pelos que estavam no final da fila, os veículos começaram a recuar, em marcha-a-ré, para alívio dos passantes que assistiam ao bloqueio.
Os manifestantes, já sentados, se deram conta da vitória e o ar pesado dos protestos por alguns momentos foi desanuviado. Em rodas relaxadas ou rindo e comemorando o recuo forçado da polícia, ativistas aliviados aplaudiram o desfecho.
Na avenida principal, os black block prosseguiram com seus enfrentamentos. Os jornais da Europa no dia seguinte se concentraram nas pedras e policiais feridos, além de imagens de focos de incêndio, produzidos com lixo queimado, e por essa via as manchetes tiveram de dar destaque aos protestos em Rostock. Havia milhares de pessoas e muitas outras formas de protesto da multidão, mas que a mídia, como sempre, ignorou.