Movimentos se articulam para definir prioridades políticas em SP

Cerca de 70 entidades participaram neste fim de semana da edição paulista da Assembléia Popular (AP), iniciativa criada nacionalmente em 2005 e que pretende reorganizar as lutas populares e um projeto para o país a partir de diagnósticos e demandas locais.

“A AP é o entendimento político da necessidade de construir alianças entre os vários movimentos populares, do campo e da cidade, em torno de temas que unifiquem os trabalhadores. Foi concebida como um espaço de participação popular e não de articulações de cúpulas”, explica João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do MST

Com a maior parte dos participantes do evento com origem em movimentos de base de regiões como Vale do Ribeira, Vale do Paraíba, Baixada Santista, Grande ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema) e Ribeirão Preto (interior), e municípios como Osasco e Guarulhos (Grande São Paulo), o evento permitiu a elaboração de uma radiografia das angustias populares não revestidas ainda por uma análise política mais elaborada, apesar de ter definido, ao final da jornada, uma série de bandeiras que tangem as grandes questões nacionais.

Nesse sentido, os debates elencaram temas básicos para o aprofundamento no estado, como a defesa do trabalho como direito fundamental, construção de formas alternativas de resistência e geração de renda, como cooperativismo e economia solidária, pensar a cultura como todo o conhecimento de um povo e não apenas como entretenimento, lutar pelo meio ambiente considerando a população que ali vive e que mantém aquele lugar, garantir cestas básicas às famílias de baixa renda, mesmo aquelas sem filhos, etc. Com base nestas temáticas, será feito o esforço de ampliar a participação local na AP, que realizará o segundo encontro nacional em outubro deste ano.

Duas bandeiras gerais priorizadas pela AP desde seu nascimento – uma campanha nacional pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce, e a oposição à atual política econômica – também devem ser reforçadas em São Paulo para que ganhem maior peso nacional.

“Retomar a Vale é uma questão decisiva pela simbologia que tem. É uma grande empresa estratégica que foi privatizada, da forma escandalosa e fraudulenta. O lucro obtido a cada três meses corresponde ao valor pelo qual ela foi vendida”, explica o advogado Ricardo Gebrim, da Consulta Popular. “Se alcançarmos uma vitória, mudamos a correlação de forças e colocamos na pauta nacional a recuperação dos recursos estratégicos”.

Uma das ferramentas para a organização do movimento na luta pela anulação do leilão da Vale será a realização de um grande plebiscito nacional no mês de setembro, nos moldes do Plebiscito da Alca, realizado em 2002.

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