AMB chama encontro nacional

Lançado ontem (21), no hall do Centro de Artes e Comunicação da UFPE, durante o II Fórum Social Brasileiro, o I Encontro Nacional da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), previsto para dezembro deste ano.O ato de lançamento foi aberto pelo Grupo de Teatro Loucas de Pedra Lilás (link para fotos), e contou com a presença de diversas representações de redes e articulações nacionais do movimento de mulheres e feminista.

Entre as presentes, Schuma Schumaher, da coordenação executiva da AMB, falou da origem da Articulação, surgida a partir das mobilizações realizadas em 1994 para a participação do movimento de mulheres do Brasil na Conferência sobre a Mulher, realizada pela ONU em 1995, em Beijing, na China. Schuma destacou o processo participativo, que envolveu 14 estados e contribuiu para a formulação de um documento regional, apresentado por feministas latino-americanas e caribenhas, que viajaram do Brasil e de outros países para essa Conferência. “Foi deste processo que nasceu a AMB, mais uma entre as várias redes do movimento de mulheres no Brasil e é importante que existam muitas”, frisou Schuma.

Falando de encontros feministas e, em particular, do encontro nacional da AMB, Betânia Ávila, do SOS Corpo, uma das organizações integrantes da Secretaria Executiva da AMB, destacou a importância de visibilizar amplamente esta iniciativa: “Até hoje, os encontros feministas foram possibilidades de resistência e este deve ser um encontro para avançar em propostas. É preciso que o mundo saiba que estamos reunidas e o que estamos rejeitando e propondo. Deve ser também um processo que contribua para ampliar nossas relações com outros movimentos sociais, no sentido de construção de alianças”. De acordo com Betânia, para fazer alianças temos que incorporar propostas de outros movimentos e esta seria, para ela, uma forma de potencializar nossas lutas: as alianças como meio solidário de construção da transformação social.

Falando de igualdade, Betânia Ávila colocou também como desafio para o encontro nacional da AMB o de se constituir como um processo e um espaço para as feministas evidenciarem que “a igualdade que queremos não é a de mercado, não é esta que está aí”. Então, o encontro deveria apontar em que conseguimos avançar e como nos posicionamos em nossa luta contra as desigualdades, dizendo ao mundo que “não estamos nos alinhando com o que está aí”. Para Betânia, é preciso fazer a crítica aos espaços onde estão hoje as mulheres e aprofundar a luta por transformação social.

Ela concluiu sua saudação ao encontro da AMB ressaltando a importância do encontro como “lugar de chegada” das mulheres ao movimento feminista: um lugar de encontrar com as necessidades reais das mulheres, de formular propostas para a sociedade e o Estado, lugar de ser o que a AMB tem colocado: feminista anti-racista, no contexto de um movimento cada vez mais popular, mais anti-racista, mais anti-homofóbico/lesbofóbico, de avançar num projeto político e de radicalizar o feminismo como proposta do campo democrático-popular.

Saudações de algumas das representantes de redes e articulações feministas presentes:
– Ednalva Bezerra, da Secretaria Nacional sobre a Mulher Trabalhadora/CUT – Quero parabenizar a AMB por esta iniciativa do I Encontro. Como outras militantes feministas, também participei do processo preparatório à Conferência de Beijing e tenho acompanhado este trabalho da AMB, desde então. Gostaria ainda de ressaltar a importância do que disse Betânia Ávila sobre a construção de alianças, de uma aliança mais ampla para nossa maior interlocução com a sociedade brasileira. Acredito que este encontro nacional da AMB pode ser um marco histórico no movimento de mulheres no Brasil.
– Lucy Garrido, da Articulación Feminista Marcosur – Que este seja um encontro de latino-americanas e caribenhas, neste caso, de brasileiras. Um encontro que demonstre que estamos numa região e dê visibilidade às lutas que estão sendo colocadas por todas nós.

Também saudaram o I Encontro Nacional da AMB as representantes do Fórum Nacional de Mulheres Negras Brasileiras, da União Brasileira de Mulheres, da Articulação Nacional de Organizações Mulheres Negras e representantes de espaços estaduais de mulheres que constituem a AMB, presentes ao ato de lançamento.
TEXTO E FOTOS: Paula de Andrade, paula@articulacaodemulheres.org.br

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