Mulheres negras no currículo

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM)e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção à Igualdade Racial (SEPPIR) estão construindo uma agenda comum para trabalhar conjuntamente as temáticas de raça e de mulheres. “Não é uma coisa simples, mas é preciso construir a solidariedade entre segmentos”, disse Nilcéa Freire, secretária especial de políticas para as mulheres, durante a palestra “Formação de professores/as em Gênero, Sexualidade e Relações Étnico-raciais”.

Na área de educação, essa pauta comum dará destaque ao reconhecimento da discriminação da mulher negra no desenvolvimento do Curso de Formação de Educadores/as em Gênero, Sexualidade e Relações étnico-raciais. O curso é um projeto piloto desenvolvido em conjunto com outros órgãos públicos, como o Ministério da Educação e a Secretaria Especial de Direitos Humanos, além de instituições como o Centro Latino-americano em Sexualidade e Direitos Humanos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (CLAM/ UERJ), e o Conselho Britânico. As aulas acontecerão por meio de ferramentas de educação à distância e iniciam em junho. Participarão 1,2 mil profissionais da educação de seis municípios brasileiros: Dourados (MT), Maringá (PR), Niterói e Nova Iguaçú (RJ), Porto Velho (RO) e Salvador (BA). A carga horária total será de 200 horas, sendo 10 horas semanais (ver também matéria Brasil sem Homofobia).

De acordo com Graça Ohana, assessora da Seppir, a idéia é trabalhar a sensibilização dos profissionais da educação apontando situações reais e locais de discriminação. A mulher negra é prioridade nas açoes da Secretaria no tratamento da desigualdade racial. “No mercado de trabalho, para citar um exemplo, ela é quem ganha menos do que todos, menos do que todos os homens e mulheres brancas”, expôs. Daí a importância do desenvolvimento de ações conjuntas com a Secretaria da Mulher.

Ela explicou, ainda, que a situação da mulher indígena também é desfavorável, mas que esse público é difícil de ser identificado. “A mulher indígena que sai da aldeia, por exemplo, ou as descendentes, nem sempre se declara indígena nos sensos demográficos, enquanto as negras se identificam claramente, devido aos 30 anos de trabalho de orgulho racial desenvolvido pelo Movimento Negro”, ilustra.

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