Os povos indígenas reivindicam a criação de políticas públicas voltadas à valorização de sua cultura e à educação diferenciada de suas crianças, como forma de manter vivas as suas raízes. Uma das propostas segue o exemplo dos afrodescendentes: a inclusão da história dos índios nos currículos escolares.
Outro pleito é a revisão de pontos de vista incorretos sobre os indígenas que são frequentemente disseminados no ensino de História do Brasil. “É importante uma reformulação da nossa história, da idéia de que o índio é preguiçoso, não gosta de plantar, e também com práticas do tipo mostrar casas de índios americanos como se fossem de índios brasileiros, e não têm nada a ver”, comenta Marize de Oliveira Pinto, membro da Comissão de Gênero, Anti-racismo e de Orientação Sexual do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro.
A entidade promoveu a oficina “Educação diferenciada numa perspectiva indígena”. Marize, mesmo com ascendentes de várias etnias, preferiu inspirar sua luta social na avó índia, porque considera a causa pouco difundida no Brasil.
Outro expositor da oficina foi o pedagogo indígena Guajajara (Wazaizara, em seu idioma, que significa “dono do cocar”), integrante da etnia Tanetehara (“verdadeiro ser humano). Ele considera que o movimento indígena é isolado. “Não nos unimos nem ao capitalismo nem ao cristianismo”, diz.
Apesar disso, a difusão das causas e da cultura indígena tem avançado. Um bom exemplo é o número cada vez maior de materiais didáticos com conteúdo indígena – língua, histórias e costumes, a partir do processo de formação de educadores indígenas.
De acordo com Guajajara, existem no País atualmente 240 tribos diferentes, que somam 188 idiomas, sendo a maior parte deles oriundos do guarani. Ele conta, ainda, que oficialmente os índios só puderam voltar a falar suas línguas a partir da Constituição de 1988. “Em princípio ficamos proibidos de usar nossas línguas desde a lei pombaliana, criada pelo Marquês de Pombal”.